sexta-feira, 5 de março de 2010

Fluidez'


As pessoas não tem mais o direito de me atingir. Agora, depois de tudo, eu... ignoro. Sei do que sou capaz e não preciso mesmo disso. Demorei para conseguir dizer tudo o que eu penso da forma que eu quero e pra quem eu quero. E não vai ser agora que eu vou mudar. Nem que pra isso eu tenha que ficar novamente sozinho. Mas sabe? Terá outros que se comportarão como eu. E então será tarde para perceber e lamentar que eu faço falta.

Eu sou como um rio. Sereno em sua superfície e denso em sua profundidade. Fluido. Forte. Mutável. Flexível e infinito. Um caminho, que deixa marcas por onde passa. Um trilho sem fim. Não tente me deter, ou me desviar. Eu sei meu destino. Eu sei meu percurso. Definitivamente, eu sei como sou. E os outros? Apenas uma árvore ao meu leito. Uma pedra em meu curso. Um peixe em minha correnteza.

Talvez quando finalmente a margem lhe acolher, sinta a falta da sutileza em que eu lhe conduzia. E a suavidade da confiança que você podia entregar a mim. E será igualmente tarde. Eu já estarei ao mar. Misturando-me ao resto. Desfazendo-me. Indo de encontro à aqueles que sempre me aguardaram. Que saberão aproveitar o que eu tenho a oferecer.

E ai sim, você se afogará com a própria mágoa, enquanto espera novamente uma nascente irrigar o vazio de seu coração.

Espero que gostem'

Wow, quanto tempo huh? Eu peço perdão pela ausência. Talvez eu retome o tempo perdido. Estava com saudades de escrever para vocês, mas dizer que ultimamente eu ando comprometido com outros projetos. Mas eu voltarei a escrever esses textos, sério. :)
Bom, se ainda há alguém lendo o que eu escrevo por aqui, pode me seguir pelo twitter. @driigoreis
Ok?

Obrigado,
Rodrigo Reis

sábado, 19 de setembro de 2009

O Observador

O vento uivava nos vidros úmidos da biblioteca escurecida. A luz amarelada estava focalizada na mesa plana de mogno escuro envelhecido pelo tempo. Os dedos pálidos tremulavam enquanto a mão delicada e enrugada deslizava sobre o papel branco. As letras surgindo como desenhos meticulosamente traçados.

Os livros empoeirados jaziam nas prateleiras cuidadosamente organizadas. As lombadas coloridas eram as únicas testemunhas das noites em que Barbara permanecera naquela mesma poltrona castanha mergulhada em fantasias. Mas hoje ela estava ali para uma missão diferente. Não mais para passar os olhos prateados nos versos bem estruturados de um romance qualquer que repousasse sobre seu vestido acetinado. E sim, começar seu próprio romance. Estruturar seus próprios versos, contar sua própria historia.

Os óculos redondos que repousavam no nariz afilado auxiliavam sua visão cansada. A mente, tão cansada quanto, trabalhava lentamente enquanto sua mão forçava-se a continuar. Letra após letra. Frase após frase. As lembranças rodopiavam como a garoa fraca que rebatia na janela.

Os minutos se arrastavam junto com o ponteiro que se escondia na penumbra do cômodo. Sua respiração era tranqüila enquanto seus dedos trabalhavam em sincronia com sua mente. Às vezes, ela pausava a caneta apoiando-a em seu queixo pequeno enquanto seus olhos se perdiam em meio ao passado. Um sorriso. Uma lagrima. E ela continuava a escrever.

Após um suspiro cansado, as ultimas linhas chegavam ao seu final. Um sorriso satisfeito rasgava sua face. As palavras saíram firmes e certeiras de seus lábios rachados, enquanto ela se despedia em voz alta daquele que a manteve viva por toda uma vida.

Eu ainda sinto seus olhos em minha nuca, mesmo você não estando mais presente. Ou talvez esteja. Esse sempre fora seu mistério. Sua presença. Seu olhar. Sua vigilância. Espero que aceite meu pedido para levar à outras pessoas essa historia. Essa proteção.

Com todo carinho de sua observada.

Barbara Kavangh.”

Suspirou contente enquanto desfazia o coque no alto de sua cabeça, e deixava os cachos dourados lhe caírem sobre os ombros. Os fios ainda úmidos do banho se misturando com os grisalhos que ela não lutara para esconder. O chá morno descendo por sua garganta enquanto ela sentia borbulhar de animação o corpo e a alma. O couro abraçando suas costas frágeis enquanto ela pontuava todos os momentos de sua vida até ali sob o olhar vigilante dele.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pedido de Atenção

De pés descalços e camiseta esfarrapada, eu podia vê-lo através do vidro blindado de meu carro importado.

Com uma camada visível de sujeira sobre a pele frágil, ele brincava com o três bastões no ar em minha frente, em troca de algumas moedas, que se muito, talvez lhe trouxesse algum alimento para o estomago faminto.

O sorriso quebradiço em seu rosto mostrava uma delicada felicidade infantil destruída dia após dia naquele sinal de avenida.

Os bastões que eram lançados habilidosamente no ar demonstravam o quão leve a alma dele poderia ficar, caso um sorriso caloroso o envolvesse em um abraço terno.

Seus olhos negros, impossíveis de se esquecer, fitavam minha face impaciente enquanto aguardava o movimento da avenida voltar a circular.

Com um toque receoso na minha janela, aquela criança me implorava por atenção, alem dos trocados que suas mãos esticadas, esperava.

-Por favor... – sua voz tremula soou baixa antes de eu arrancar com o carro avenida a fora.

'Espero que gostem!

Muito obrigado,
Comentem!
Rodrigo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fotografias


Lembranças. Passado. O que é isso afinal? Magoas, alegrias, pessoas. Um punhado de memórias que nos chacoalham, lembrando de onde viemos, para que assim possamos prosseguir.
Na maioria das vezes, um simples resfolegar de imagens, ou o delicado aroma de situações pisoteadas pelo impiedoso tempo.
Sentimentos, sonhos. Todos esses sepultados pelo correr das horas, dias.
Vínculos cortados, ramos ressecados e por fim, a saudade. A latejante nostalgia que nos martela o peito, nos embarga a voz. Embaça-nos os olhos e nos faz olhar para trás, sentindo pelo afeto não demonstrado ou pela palavra não dita.
O mergulho em nossa própria alma juvenil. O conhecimento de um tempo não retornará...




Espero que gostem!
Comentem,
Rodrigo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

'in your arms


O sol que já se punha batia em meu rosto enquanto caminhava para dentro da praça asfaltada rodeada por arbustos amarelados. O vento que soprava por meio as arvores que cercavam o local bagunçava os cabelos que insistiam em me cair sobre a face.
Os fones no ouvido traziam ao meu corpo a melodia suave de um jazz, dando a cena de alguns pombos voando um efeito inimaginável. A mochila vermelha nas costas começava a pesar depois de tanto tempo de viagem. O casaco de moletom caia sobre os ombros mostrando a camiseta fina de tom branco que vestia. O chão acinzentado refletia a intensa e quente luz do sol de fim de tarde em meus olhos. Minha mente se perdia em cada detalhe daquele novo lugar.
Em um banco a minha esquerda, um casal trocava caricias enquanto outras passavam ao meu lado correndo de forma ritmada. Meu peito ansiava por algo, alguém que eu esperei por tempos. A ansiedade corroia cada veia de meu corpo e eu podia sentir minha garganta seca. Meus olhos procuravam ávidos por ela em cada parte da praça, em cada rosto do lugar e em cada célula de meu corpo.
A brisa soprou novamente trazendo um aroma diferente até minhas narinas. Doce e delicado, aquela essência entrou por meu corpo fazendo meus braços arrepiarem. Fechei meus olhos por um instante, parando no meio daquela praça sob a sombra da alta torre da igreja logo em frente.
Novamente aspirei o ar para dentro de meus pulmões sentindo a fragrância daquele perfume. Minha visão escurecida permitia que o resto de meu corpo ficasse alerta e sensível.
Com lentidão, retirei os fones do ouvido e pude ouvir cada som do lugar. As folhas das arvores assobiaram com a dança do vento enquanto os pássaros batiam asas de um galho para outro. Algumas pessoas conversavam enquanto olhavam a paisagem e outras apenas emitiam sons inteligíveis para passar o tempo. Um riso caloroso se fez ouvir por trás de mim.
Meu olfato identificava cada diferente aroma que o lugar oferecia. O cheiro da terra que sustentava flores em um canto da praça estava presente no ar enquanto aquele mesmo perfume rodeava meus pensamentos.
Por fim, abri meus olhos e constatei tudo que meus outros sentidos me indicaram. Rodei sobre meus pés, me virando para o outro lado da praça para me deparar com o que meu coração sempre esperou.
Ela trazia um sorriso bobo nos lábios enquanto suas mãos estavam apoiadas na cintura. Tão pequena e frágil. Seus olhos verdes eram intensos e miravam minha face certamente abobalhada. Aquele simples minuto pareceu uma eternidade desesperadora para mim. Enquanto meus olhos corriam por ela, eu ouvia meu peito gritar. Sem raciocinar muito, soltei a mochila que incomodava meu ombro e impulsionei meu corpo para frente, em sua direção. Seu sorriso se expandiu e agora ela estava com os braços abertos.
Nossos corpos se chocaram poucos segundos depois e eu pude aspirar o perfume que me penetrara o organismo alguns instantes anteriores. Seu pescoço exposto pelos cabelos curtos e castanhos era a fonte do aroma que me inebriava.
Seus braços pequenos estavam apertados no meu pescoço enquanto seus pés balançavam no ar. Ela estava envolvida em um abraço apertado enquanto nossos corpos rodavam e ela gargalhava.
Suas bochechas quentes contra a minha pele deletava sua face corada. Meu coração acelerou dentro do peito ao afastar um pouco nossos corpos e me deparar com os círculos de cor púrpura que formou nas maças delineadas de seu rosto fino.
Nossos rostos estavam próximos e eu podia sentir sua respiração mesclar com a minha. Sua boca semi-aberta era convidativa demais. Toquei-lhe os lábios suavemente, experimentando a maciez. Nossos corpos inspiravam ofegantes o ar para os pulmões. Ela sorriu entre os beijos e disse que me esperava.
Eu sorri e coloquei uma mexa de seu cabelo liso para trás da orelha, colando novamente nossos lábios e puxando seu corpo novamente rente ao meu. Ela estremeceu em meus braços, respondendo as caricias de minha boca.
Retirei seus pés novamente do chão, e gargalhando a rodei outra vez no ar apertando-a em meus braços.
'Espero que gostem.
Comentem!
Obrigado,
Rodrigo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

'brisa do mar


Apesar dos meus olhos estarem pesados, eu podia ver o céu estrelado se mesclar com o azul royal da água do mar que refletia a luz prateada da imensa lua que brilhava cheia no alto.
A brisa fria que soprava, junto com as ondas negras e salgadas, refrescava meu rosto. Minha cabeça que repousava sobre a areia fofa estava perdida em pensamentos enquanto meus olhos fitavam o horizonte que se confundia com a tênue linha do oceano gélido.
Alheio as palmeiras que balançavam no ritmo do vento na orla deserta e intocável, podia sentir atentamente apenas ao toque quente e delicado em meu peito.
Seu perfume adocicado invadia minhas narinas me fazendo estremecer. Sua pele alva e macia estava em contato direto com meu corpo quente.
Os olhos cor de esmeralda estavam fixos em meu rosto. Tão intensos, expressivos e cheios de sentimentos olhos. Eu estava deslumbrado com a beleza daqueles lábios cheios e avermelhados. O nariz afilado que completava a fisionomia infantil roçava gentilmente na linha de meu maxilar.
Seus cabelos castanhos na altura do pescoço deixariam seus ombros tentadoramente expostos se não fosse pela fina camisa azulada que aquecia meu corpo outrora, agora cobria seus delicados contornos.
-Um doce por seus pensamentos. – sua voz melódica soou próximo ao meu ouvido.
Meus pensamentos que até então estavam confusos, se esvaíram completamente com a proximidade de sua respiração suave em minha nuca, provocando-me arrepios pela coluna.
Um sorriso largo brincou em meus lábios ressecados antes de me entregar novamente a suavidade e maciez de sua boca rosada.
'Espero que gostem
.
Tirando um pouco da poeira e das teias de aranha daqui! rsrsrs
Comentem.
Obrigado,
Rodrigo Reis.

domingo, 29 de março de 2009

Coisas Simples'



Em uma manha cinzenta de um dia qualquer eu caminhava rumo à padaria quando um
jovem mímico me parou oferecendo uma única flor um tanto quanto desbotada.
Recusei e continuei andando, confesso que nos primeiros passos não dei a mínima importância para aquela flor ou para o garoto, mas ao me aproximar da padaria um grande arrependimento tomou conta de mim.
"Deixa disso, você não tem tempo para perder com essas bobagens. ’’
Entrei na padaria e comprei o que precisava, ao sair vejo de longe um casal de adolescentes que foram parados pelo mímico da mesma forma que eu.
Fiquei observando a reação daquele adolescente que, diferente de mim, recebeu a tão desbotada flor de outrora e após dar um beijo naquele misero símbolo o entregou a sua namorada que com os olhos cheio de lagrimas o agradeceu com um longo abraço.
‘’Hum... Crianças’’
Tentei não dar importância para aquela cena durante o dia só que não consegui tirar a flor, o mímico e o casal um momento se quer de meu pensamento.
Não entendia o real sentido daquilo tudo então resolvi voltar a praça onde se encontrava o mímico ao entardecer e o revi com uma flor na mão, percebi que ele sorriu ao me ver e estendendo a flor em minha direção. Fui até ele e apanhei a flor e de imediato um grande alivio invadiu minha alma, mas não compreendia o significado daquilo tudo.
No dia seguinte retornei a praça aonde aquele jovem garoto se encontrava e fiquei a observar-lo de longe e vi muitas pessoas fazerem o mesmo que eu fiz.
Ao entardecer eu entendi o significado daquela simples flor e a missão daquele jovem mímico. Pude perceber que os valores de minha vida eram tão óbvios que ela já tinha perdido o sentido.
A partir daquele dia passei a dar valor às coisas simples da vida, antes que minha vida perdesse seu valor.